A queda de Wanderlei Barbosa

Operações da Polícia Federal revelam suspeitas de desvio de quase R$ 100 milhões e possível obstrução de Justiça, levando o STJ a afastar o governador por 180 dias
por 15/11/2025
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A política do Tocantins entrou em mais um capítulo turbulento após a decisão do Superior Tribunal de Justiça que afastou o governador Wanderlei Barbosa do cargo por 180 dias. A medida acontece em meio ao avanço da Operação Nêmesis, fase que investiga possíveis tentativas de obstrução das apurações sobre suspeitas de desvio em contratos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia.

As suspeitas começaram com a Operação Fames-19, que analisou contratos que somam quase 100 milhões de reais. Segundo a Polícia Federal, mais de 73 milhões podem ter sido desviados por meio de fraudes, superfaturamento e lavagem de dinheiro. Os investigadores identificaram pagamentos irregulares, apreensão de grandes quantias em espécie e até a construção de uma pousada de luxo ligada à família do governador.

Com o avanço das apurações, a PF passou a investigar sinais de interferência nas buscas da Fames-19. Foi nesse contexto que surgiu a Operação Nêmesis, batizada em referência à deusa grega que pune aqueles que tentam escapar das consequências de seus atos. Quando os agentes chegaram a uma residência ligada ao governador, encontraram um cofre vazio e aberto, além de um celular restaurado para as configurações de fábrica. Luzes acesas, comida sobre a mesa e uma televisão ligada indicavam que alguém pode ter saído às pressas.

Os investigadores também apuram o possível uso de carros oficiais — e até de policiais militares — para retirar documentos, caixas e mochilas que poderiam servir como prova. Há suspeita de que pessoas próximas ao governador tenham sido avisadas sobre a operação antes da chegada da PF.

As buscas desta fase incluíram endereços ligados ao próprio Wanderlei Barbosa, à primeira-dama e a ex-secretários do governo. O objetivo, segundo a decisão judicial que embasou os mandados, era impedir a destruição ou ocultação de documentos e outros materiais que podem ser relevantes para o inquérito.

O STJ manteve o afastamento do governador por 180 dias ao considerar que ele poderia interferir no andamento das investigações. Wanderlei Barbosa nega as acusações e diz ter colaborado com a Justiça. Ele afirma que, no período analisado pela PF, ocupava o cargo de vice-governador e não tinha responsabilidade direta sobre as despesas questionadas.

O cenário não é novo para os tocantinenses. Desde 2006, nenhum governador eleito conseguiu concluir o mandato. Marcelo Miranda foi cassado duas vezes, em 2009 e 2018. Siqueira Campos renunciou em 2014. Em 2021, Mauro Carlesse foi afastado durante outra operação da PF e acabou renunciando meses depois. A sucessão de crises aprofundou a instabilidade institucional e redefiniu ciclos políticos no estado.

Com a Operação Nêmesis em andamento, a investigação se amplia e pode produzir novos desdobramentos. O caso segue no STJ, enquanto a Polícia Federal continua a reunir informações. A população acompanha atentamente um processo que promete influenciar, mais uma vez, o futuro político do Tocantins.

Mágson Alves

Mágson Alves

| Criador de conteúdo | Filmaker | Fotógrafo |

CEO e fundador do Diário de Augustinópolis, o portal de notícias que mais cresce na região.

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