Era uma noite comum de setembro de 2012 em Augustinópolis. O Restaurante Vieira, um ponto de encontro popular, estava animado após o término de um comício. Entre os presentes, Geiza Freire, uma blogueira respeitada e pioneira na cobertura de eventos na região do Bico do Papagaio, desfrutava da companhia de amigos. No entanto, essa noite comum se transformaria em um pesadelo, marcando o início de uma longa e frustrante jornada por justiça.
M.F., filho do influente empresário J.F., entrou no restaurante. Descrito por testemunhas como um “metido a valentão”, M.F. se aproveitou de um momento de distração de Geiza. Sem qualquer provocação aparente, ele a atacou brutalmente, desferindo chutes, empurrões e puxões de cabelo. Além da violência física, Geiza também foi alvo de insultos moralmente degradantes.
“Foi um grande susto, mais graças a Deus tudo está sob controle”, relembra Frisa Nilcelha Santana, que presenciou a cena. No entanto, doze anos depois, a sensação de controle é apenas uma ilusão. Geiza ainda luta para que o agressor seja responsabilizado.
A violência foi interrompida pela intervenção de outros presentes, como Agnaldo Sampaio. “Foi um ato covarde de extrema brutalidade. Estávamos todos tranquilos quando o rapaz chegou de forma agressiva e partiu para cima da garota. O pessoal teve de ajudar. Ele ainda saiu daqui causando prejuízo em um veículo.”, relatou.
Após a agressão, Geiza registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia, acreditando que a justiça seguiria seu curso natural. No entanto, a realidade se revelou mais complexa e desanimadora.
O caso Geiza Freire destaca a dolorosa realidade de muitas vítimas de violência no Brasil: a impunidade. A conexão de M.F. com um empresário influente levanta suspeitas de favoritismo, elemento que corroe a confiança da sociedade no sistema judicial.
Fernanda Lima, defensora fervorosa de Geiza, destaca sua idoneidade: “A Geiza não tem passagem pela polícia, é uma pessoa amiga, de fé pública, que por onde ela passa, não se esquiva dos seus cumprimentos, do trabalho e esforços para ajudar os demais”. A falta de progresso no caso envia uma mensagem perigosa de que conexões e poder podem, de fato, sobrepujar a justiça.
Enquanto os anos passam, a memória do ataque permanece viva para Geiza e aqueles que a apoiam, simbolizando a luta contínua por justiça em uma sociedade que muitas vezes parece negligenciar os mais vulneráveis.
O caso de Geiza Freire não é isolado. Ele reflete um problema sistêmico que exige uma resposta urgente. A justiça não pode ser uma promessa vazia; deve ser um compromisso firme, independentemente do poder ou influência dos envolvidos.
É essencial que a sociedade continue pressionando por transparência e responsabilidade. A impunidade não deve ser a norma. Somente com um sistema judicial verdadeiramente justo podemos esperar um futuro onde casos como o de Geiza sejam resolvidos com a devida celeridade e justiça.
Para Geiza Freire e tantas outras vítimas, a esperança persiste, sustentada pela solidariedade da comunidade e pela convicção de que, um dia, a justiça prevalecerá.