A formatura do Curso de Habilitação de Oficiais da Administração (CHOA), realizada na Academia de Polícia Militar, tornou-se palco de desconforto e indignação minutos antes do início previsto. Segundo informações obtidas pela redação, uma policial militar, integrante da corporação há duas décadas e aprovada em todos os critérios da formação, foi retirada da solenidade cerca de 30 minutos antes do início, já uniformizada e com familiares se deslocando para o local.
Testemunhas relataram que a decisão foi repentina e sem justificativas claras. O nome da militar constava na placa oficial de formandos, o que reforçou o impacto público da exclusão inesperada. Segundo colegas, o episódio expôs a policial — mulher, negra e reconhecida por sua dedicação à carreira — a uma situação de profunda humilhação, gerando danos emocionais imediatos.
A formação, que durou quase um ano, exigiu rotina intensa, dedicação exclusiva e renúncias pessoais significativas. A interrupção abrupta de seu momento de ascensão profissional provocou forte reação entre familiares, amigos e colegas de farda.
“Foi uma humilhação. Ela é policial há duas décadas, todos conhecem sua trajetória. Como, faltando 30 minutos, dizem que ela não é compatível para ser promovida? Ela foi aprovada em tudo, participou dos ensaios da solenidade e estava preparada. Isso não faz sentido”, afirmou um colega que presenciou o ocorrido.
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O episódio reacendeu debates internos sobre transparência nos processos decisórios, previsibilidade institucional e o tratamento destinado a mulheres dentro da corporação. Também trouxe à tona preocupações relacionadas à dignidade profissional e à necessidade de critérios claros em eventos de promoção e formatura.
A comunidade aguarda um posicionamento oficial da administração da Polícia Militar sobre o motivo da retirada e sobre eventuais medidas para evitar novos casos semelhantes.
A redação do The Anexo Times entrou em contato com a assessoria da Polícia Militar, confira a nota oficial:
NOTA OFICIAL DA POLÍCIA MILITAR DO TOCANTINS
Em 21 de novembro de 2025, a Polícia Militar do Tocantins (PMTO) divulgou Nota de Esclarecimento sobre o caso.
No documento, a corporação afirma que o indeferimento da participação da militar na formatura e sua exclusão do Quadro de Acesso (QA) estão fundamentados na Lei nº 2.575/2012, que regulamenta as promoções na instituição. Segundo a PMTO, a decisão foi unânime na Comissão de Promoção de Oficiais (CPO), órgão colegiado responsável por avaliar mérito e idoneidade.
A nota cita o Art. 33, inciso II, alínea “c” da lei, que impede a inclusão no QA de militar que esteja respondendo a Inquérito Policial Militar (IPM) por fato considerado, a critério da Comissão, “lesivo à honra, ao pundonor policial militar e à dignidade da profissão”.
A PMTO destaca que a ascensão ao oficialato exige não apenas desempenho intelectual, mas conduta compatível com os princípios de hierarquia e disciplina, considerados fundamentais para a preservação da credibilidade institucional. Para a corporação, a violação desses pilares constitui impedimento ético-profissional para a promoção.
A instituição também afirma repudiar “qualquer tentativa de descontextualização” que atribua a decisão a raça ou gênero, sustentando que o regulamento é aplicado de forma técnica e isonômica a todos os integrantes.
A redação também entrou em contato com Governador Laurez Moreira, através de seu gabinete, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
