As eleições de 2024 em Augustinópolis, uma pequena cidade no norte do Tocantins, têm sido palco de uma disputa marcada não apenas por propostas, mas por embates jurídicos, conflitos de agenda e acusações de perseguição. O confronto entre os candidatos José Mendonça e Antônio do Bar revelou tensões que ultrapassam os palanques eleitorais e expõem falhas na organização de campanhas e na conduta política.
Tudo começou com a disputa pela realização de uma carreata no dia 5 de outubro, onde a desorganização da campanha de José Mendonça acabou por gerar um impasse jurídico e um intenso debate público. O candidato, em vez de seguir as regras estabelecidas pela Justiça Eleitoral, tentou realizar seu evento na mesma data e horário que Antônio do Bar já havia reservado com antecedência. O resultado foi uma série de vídeos gravados por Mendonça e sua vice, Francinete, que acusavam a Justiça e o adversário de “perseguição política”. A campanha de Antônio do Bar, por sua vez, lançou uma nota pública repudiando as alegações e responsabilizando o próprio Mendonça pelo caos.
A Origem do Conflito: A Carreata e o Processo Judicial
O ponto central do conflito foi a disputa pela realização de uma carreata no dia 5 de outubro de 2024. De acordo com os documentos do processo judicial (0600700-62.2024.6.27.0021), a campanha de Antônio do Bar, representada pela Coligação “Experiência e Compromisso”, seguiu as normas eleitorais e protocolou, no dia 1º de agosto de 2024, a solicitação junto à Polícia Militar para a realização de sua carreata. O pedido foi feito com a devida antecedência, conforme exigido pela lei, que garante prioridade ao primeiro a realizar a comunicação.
Duas semanas depois, em 15 de agosto de 2024, José Mendonça, candidato da Coligação “Augustinópolis Pode Mais”, apresentou um pedido semelhante, mas sem considerar que a data já havia sido reservada por Antônio do Bar. Mesmo ao ser informado pela Polícia Militar sobre o conflito de datas, Mendonça optou por manter seu evento na mesma data, gerando uma disputa que teve de ser levada à Justiça Eleitoral para ser resolvida.
A decisão do Tribunal Regional Eleitoral foi clara: Antônio do Bar tinha o direito de realizar a carreata, e José Mendonça deveria alterar a data de seu evento. A Justiça também ofereceu a Mendonça a possibilidade de realizar sua carreata no dia 4 de outubro, mas ele preferiu não fazer o evento. A decisão judicial baseou-se na regra de prioridade, estabelecida para evitar conflitos entre apoiadores e manter a ordem pública durante a campanha (OFÍCIO COMANDO PM PART…)
A Acusação de Perseguição e a Reação da Campanha de Mendonça
Após a decisão judicial, José Mendonça gravou um vídeo em que acusa a Justiça Eleitoral de perseguição e insinua que Antônio do Bar teria influência sobre o resultado. No vídeo, Mendonça se coloca como vítima de um sistema injusto e controlado por forças políticas, sugerindo que seu adversário teria poder sobre as decisões judiciais.
A vice de Mendonça, Francinete, também gravou um vídeo com o mesmo teor, reforçando a narrativa de que a campanha estaria sendo perseguida e impedida de realizar seus eventos por conta da suposta influência de Antônio do Bar. Os vídeos circularam rapidamente entre os eleitores de Augustinópolis, acirrando ainda mais o clima de disputa e dividindo opiniões.
A Nota de Repúdio da Campanha de Antônio do Bar
Em resposta às alegações de perseguição, a Coligação “Experiência e Compromisso”, de Antônio do Bar, emitiu uma nota pública lamentando e repudiando a postura de José Mendonça. A nota destacou que o cancelamento da carreata de Mendonça foi resultado de sua própria desorganização, uma vez que ele não cumpriu as exigências da Justiça Eleitoral para reservar a data com antecedência.
A campanha de Antônio do Bar também enfatizou que a lei é clara quanto à prioridade de quem protocola primeiro o pedido, justamente para evitar conflitos. Na nota, a equipe de Antônio do Bar também alfinetou Mendonça, afirmando que sua falta de experiência e organização ficou evidente no episódio, e que ele deveria aprender com a situação para evitar erros futuros.
O Impacto nas Eleições
O episódio da carreata de José Mendonça revelou muito sobre o caráter das campanhas em disputa. De um lado, a organização e o cumprimento das regras por parte de Antônio do Bar; de outro, a postura de enfrentamento e a tentativa de moldar uma narrativa de perseguição por parte de Mendonça.
Para os eleitores de Augustinópolis, o impacto desse conflito pode ser decisivo. Em uma eleição marcada por rivalidades intensas, a percepção pública dos candidatos é essencial. A campanha de José Mendonça, já marcada por momentos de desorganização, pode ter sido prejudicada ainda mais por esse episódio. Enquanto isso, Antônio do Bar parece ter se fortalecido ao manter uma postura de respeito às regras e ao processo eleitoral.
Em um cenário onde os eleitores esperam responsabilidade e competência, a forma como os candidatos lidam com conflitos e respeitam as normas pode ser determinante para o resultado final. Os próximos dias dirão se José Mendonça conseguirá reverter sua imagem ou se Antônio do Bar continuará consolidando sua liderança na disputa pela prefeitura de Augustinópolis.