A Polícia Federal cumpriu nesta sexta-feira mandados de busca e apreensão em três endereços de Palmas (TO) como parte da nona fase da operação Sisamnes, que investiga um suposto esquema nacional de venda de sentenças judiciais e vazamento de informações sigilosas. Segundo informações apuradas pelo G1, o prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), é um dos alvos, embora sua suposta participação ainda não tenha sido detalhada. A reportagem tenta contato com a assessoria do prefeito.
Os mandados foram autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Cristiano Zanin e estão concentrados em endereços de três investigados na capital tocantinense. A Sisamnes já identificou transações de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e indícios de favorecimentos em processos no Superior Tribunal de Justiça.
Em março, a oitava fase da operação no Tocantins levou à prisão do advogado Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa, além de buscas contra o procurador de Justiça Ricardo Vicente da Silva, que foi exonerado do Ministério Público após a ação. Na ocasião, a PF apontou que o grupo tinha acesso antecipado a processos sigilosos.
De acordo com a PF, os alvos desta sexta-feira teriam obtido detalhes de operações policiais antes de sua execução, o que poderia comprometer prisões e apreensões planejadas. Investigadores buscam informações sobre eventuais privilégios ilegais concedidos a um dos envolvidos que já está preso em fases anteriores da Sisamnes.
Outro foco da ação é um advogado de Brasília suspeito de vazar relatórios e detalhes de inquéritos a membros do esquema. Agentes recolhem documentos eletrônicos e registros de comunicação para comprovar a intermediação de informações sigilosas.
Na última quarta-feira (28), a operação em sua nona fase prendeu cinco pessoas acusadas de integrar um grupo de espionagem e homicídios por encomenda. Durante essa etapa, a PF apreendeu tabelas que definiam preços para o monitoramento de autoridades — de deputados e senadores a ministros e magistrados — e investiga se houve contratação efetiva desses serviços.
Até o momento, a Sisamnes soma nove fases desde seu início, com investigações conduzidas em diferentes estados e instâncias judiciais. A Polícia Federal ainda não divulgou previsão para conclusão dos trabalhos nesta etapa nem informou o prazo para liberação de um relatório consolidado das buscas.