Uma semana após perder o marido em um acidente de carro, Kalyne da Silva Pereira, de 28 anos, moradora de São Sebastião do Tocantins, recebeu uma notícia inesperada: estava grávida. Enfrentando o luto e os riscos de uma gestação sob medicação contraindicada, ela se prepara para receber a filha Mariana, que representa, para Kalyne, uma nova razão para seguir em frente.
Em meio à dor da perda de Edivan Galvão, que faleceu em um acidente de carro no dia 26 de maio deste ano, Kalyne recebeu a notícia de que estava grávida. “Eu descobri a gravidez sete dias após ele falecer. Eu fiquei em choque, só sabia chorar e perguntar a Deus o porquê dessa criança justo agora”, contou ela, que desde então enfrenta uma mistura de tristeza e esperança.
Segundo o G1 Tocantins, o casal estava junto desde 2020 e, segundo Kalyne, não planejavam ter filhos. Ela já tem um filho de 12 anos do primeiro casamento e, por isso, estava utilizando anticoncepcional. Além disso, ela tomava Isotretinoína, medicamento contra acne cujo uso é contraindicado para gestantes devido aos riscos de malformações congênitas.
“Eu não tive sintomas antes dele falecer, nem desconfiava. Depois comecei a sentir enjoo, mas pensei que era pelo estresse e a falta de alimentação”, explicou. Após um primeiro teste de gravidez dar negativo, um segundo teste e um exame laboratorial confirmaram a gestação. Com o exame positivo, Kalyne foi aconselhada a monitorar a saúde do bebê, já que a substância do medicamento apresenta riscos à formação fetal.
Riscos e Complicações na Gestação
Os primeiros meses de gestação trouxeram complicações para Kalyne. Ela enfrentou sangramentos, e sua placenta sofreu descolamento, exigindo medicação contínua até o fim da gravidez. “Meu corpo está cheio de manchas porque o tratamento contra acne foi interrompido. Tive que fazer um ultrassom morfológico de emergência para verificar se havia alguma má formação por causa do remédio”, contou. Segundo ela, até o momento, os exames indicam que a pequena Mariana está saudável.
A experiência é particularmente desafiadora para Kalyne, que já enfrentou um aborto espontâneo em 2022. “Tenho medo de perder minha filha, então estou tomando todos os cuidados possíveis”, afirmou.
O Futuro
Superando o luto e a saudade de Edivan, Kalyne acredita que ele ficaria feliz com a chegada da filha. “Deus sabe das coisas, e acredito que ele me abençoou. Vou amar e cuidar da nossa neném pelo resto da vida, por nós dois”, afirmou, emocionada.
Quando Mariana estiver mais velha, Kalyne pretende contar-lhe a história de amor que antecedeu seu nascimento. “Quando ela tiver entendimento, vou contar e dizer o quanto o pai dela estaria feliz se estivesse aqui. Certeza que ela ia amar o pai que ela não conheceu, e que ele também teria amado saber que ela viria ao mundo”, finalizou Kalyne.
Kalyne encara uma jornada de superação, desafiando as dificuldades do luto e os riscos à saúde de Mariana. Com a previsão de nascimento para fevereiro de 2025, Kalyne se prepara para receber a filha como símbolo de resiliência e esperança em meio à dor.